SITE BRITÂNICO ACOMPANHA ROTINA DE JUSTIN BIEBER POR UM DIA

Três anos atrás, Justin Bieber ia atrás de dinheiro para ir à Disney. Em seguida, ele apareceu no YouTube, e agora ele é a sensação de maior sucesso popular desde Michael Jackson. Jon Ronson lhe perguntou sobre os maus dias, as meninas e se é verdade que ele não sabe o que é um alemão.

Semana passada, em San José, Califórnia. Justin Bieber senta em um vestiário que geralmente é usado para o time de hóquei San José Sharks. Mas há 23 tubarões e apenas um deles – um menino pequeno em uma sala enorme, vazia, em um sofá, um documentarista apontando uma câmera para mim (Jon M Chu, diretor deStep Up 3D, fazendo agora o filme de Justin Bieber, Never Say Never 3D), um homem da imprensa, Mike, e o seu Xbox. Eu reparo que ele escolhe para seu avatar do Xbox uma pequena menina negra vestindo uma saia xadrez.

A câmera 3D de Jon M Chu captura em circuspecto, eu estou ansioso. Minha ansiedade é devido ao fato de que Justin - tendo apenas 16 anos e, de longe, ser a maior estrela teen do mundo, provavelmente o maior desde Michael Jackson – tende a disparar máximas em entrevistas, como essas de sua autobiografia, publicada recentemente, First Step 2 Forever: My Story:

“Cada um de meus fãs é muito especial para mim … Tudo aconteceu por causa de vocês. Eu acordo sabendo que tenho os melhores fãs do mundo … A minha equipa é a minha família e todos eles merecem a sua hora de brilhar muito …”

Este pensmento é compreensível, dado os milhões de anti-biebers lá fora, prontos para atacar em qualquer passo em falso, embora eles sejam uma gota no oceano comparado com os bilhões de Beliebers no mundo, um Belieber é – de acordo com o Dicionário Urbano - “Uma pessoa que ama Justin Bieber e acreditam em tudo o que ele pode fazer”. De acordo com o Twitter, 3% de todo o tráfego é relacionado as Beliebers, com servidores em todo o mundo dedicado a Justin e seus fãs. Em julho, ele alcançou Lady Gaga como o mais procurado na internet.

Eu não tenho tempo a sós com Justin e eu estou preocupado que não haverá tempo para perguntar tudo o que quero e encontrar alguma (com alguma sorte) fascinante escuridão.

“Quais vídeos engraçados do YouTube que você tem assistindo ultimamente?” Eu pergunto-lhe.

“Há um chamado Scarlet toma uma queda, que é muito engraçado”, diz ele. “Está mulher sobre uma mesa e ela está cantando e de repente ela está na borda e vira e cai. É muito engraçado.” 

“E sobre Charlie Bit My Finger?” Eu pergunto-lhe.

“Não é realmente muito engraçado”, diz ele. “Você acha que Charlie Bit My Finger é engraçado?”

“Eu acho” eu digo.

Justin dá de ombros. “Para os americanos e os canadenses é apenas engraçado por causa de seu sotaque Inglês.” Ele faz uma pausa. “Há um vídeo chamado Screaming árabe que é muito engraçado. É um cara de árabe que começa a gritar. É apenas divertido. Você deveria ver isso”.

Pergunto a Justin se ele nunca olha seus próprios vídeos no YouTube. Ele diz que embora compreenda os perigos de procurar por si mesmo, ele se procura às vezes para ler os comentários. “‘Você está tão estúpido”,“Seu som é horrível”, ou mesmo, ‘Você é gay’, sem motivo aparente. “Qual é o motivo disto? Mas aí eu lembro que há tantas pessoas que gostam de meus vídeos, que não me importo. Nem sequer comento quando não gosto de um vídeo que eu não perco meu tempo comentando Mas as pessoas que odeiam você -.. eles vão ter tempo para te odiarem “.

Ele está em algum lugar no meio de uma turnê. Uma linha de ônibus está estacionado na traseira do compartimento de carga. Eles dirigem em comboio durante a noite de cidade em cidade, carregando Justin e um vasto exército de adultos. Vejo os bastidores: o futuro dos homens ansiosos vestindo ternos e segurando pranchetas. No começo eu assisti Justin entrar e sair de lá em seu Segway.

“Será que todas as viagens fazem você se sentir perdido?” Eu pergunto.

“Você está tão longe”, ele balança a cabeça “e você começa a sentir como se você fosse um robô. Quando estou no exterior a programação é sempre louca, e então há a mudança da hora e você não está mesmo sozinho. É estranho”.

“Você já se sentiu melancólico nos dias antes de ser famoso?” Perguntei.

Neste momento Justin parece muito introspectivo. “Eu sou uma pessoa normal“, diz ele apressadamente. “Estou vivendo o meu sonho e eu estou curtindo cada minuto dele.”

Foi o YouTube que o tornou famoso. Sua mãe, Pattie, que teve ele aos 18 anos, sustentou-o sozinho na pequena cidade de Stratford, Ontário, Canadá.

“Minha mãe não era a melhor pessoa”, diz Justin. “Quero dizer, ela era uma boa pessoa, mas ela cometeu erros. Bebia. Ela provavelmente usou drogas e outras coisas, e ela me contou sobre isso, porque ela disse que tinha bastante material ruim para nós dois. Eu não preciso fazer igual, porque ela já fez isso. O fato é que ela mudou de vida por causa de mim. Quando eu nasci, ela parou de fumar, parou de beber. “ Ele faz uma pausa.“Ela fez isso tudo por mim.”

Seu pai, Jeremy, saiu de casa quando Justin ainda tinha três, mas se você olhar o suficiente na internet, você vai encontrar fotos dele – um fisiculturista tatuado que se chama Senhor Rauhl, cuja bio diz: “Minha vida é meu filho. Ele tem 9 anos de idade e é a pessoa mais talentosa que eu conheço. Ele é um ‘espectador’ (assim como seu pai)! ”

E Justin acabou de fato tendo esse talento inesperado: “Eu posso fazer um cubo Rubik’s em um minuto e meio”, diz ele.

“No estado em que estiver?”

“Sim”.

“Você é um gênio?” Eu pergunto.

“Eu não diria que um gênio, mas eu posso fazer um do Cubo de Rubik“, diz ele. “E sudoku”.

E além disso, ele tinha uma voz angelical cantando sem esforço. Quando tinha 13 anos ele começou a se apresentar nas ruas para tentar levantar dinheiro suficiente para visitar DisneyWorld. Filmado por transeuntes na rua, ele começou a  colocar os vídeos no YouTube. Ele entrou em concursos de talentos locais e sua mãe colocou esses vídeos no YouTube também. Eles foram observados, em primeiro lugar por um gerente nomeado Scooter Braun, então, por Usher e Justin Timberlake, que entraram em uma guerra de lances (Usher ganhou), e depois por zilhões de adolescentes, todos de uma vez, em todo o mundo. A maioria das estrelas conquistam países gradualmente, um por um. Justin instantaneamente se tornou famoso maciçamente em todos os lugares. Assim o tiraram da escola e começou a vida que ele tem agora – educado em casa na van de turismo, sempre em movimento.

“Os cantores não devem comer laticínios antes de um show, mas todos nós sabemos que eu sou um violador “.

First Step 2 Forever: My Story

Há alguns meses atrás, quando visitava um programa de TV chamado Sydney Sunrise, Justin estava sendo conduzido pelo gerente para o sofá. Ele colocou a mão nas costas de Justin.

“Nunca mais me toque”, Justin teria rosnado para ele.

“Oh, ele nos diz isso todo o tempo,” homem de som de Justin murmurou para o gerente assustado.

Poucos dias após o incidente no Sunrise, Justin foi à Nova Zelândia, sendo entrevistado por um apresentador com um sotaque forte. Ele perguntou se Justin Bieber era a palavra alemã para o basquetebol.

“Alemão”? Justin perguntou.

“Alemão”, disse o entrevistador. Justin olhou em volta. “Alemão”, disse o apresentador. “Você sabe? Alemão.”

“Eu não sei o que isso significa“, disse Justin.

“Aqui”, disse o entrevistador, mostrando-lhe a palavra em alemão escrito em seu cartão.

“Eu não sei o que isso significa”, disse Justin. “Nós não dizemos isso na América.”

Foram alguns dias desastrosos. “Ele não poderia estudar por alguns minutos para aprender o que ‘Alemão’ significa?”, escreveu o The Huffington Post. “Bieber não sabe que a palavra ‘alemão’ existe”.

Logo depois surgiu um vídeo, filmado na Alemanha meses antes dessa entrevista, em que Justin contou até 10 em alemão e falou carinhosamente sobre seu bisavô alemão.

“Eu não conseguia entender o que o cara estava dizendo”, explica Justin agora. “Eu sei o que é alemão. Óbvio.” Ele faz uma pausa. “Parecia que ele estava dizendo Jewman”.

“Você pensou que ele estava pedindo-lhe o que a palavra Jewman significava para o basquete?” Eu pergunto.

“Eu não sabia que ele estava dizendo.” Justin faz uma pausa. “Mike?” Justin volta para o seu homem de imprensa, sentado no canto mais distante. “Você estava lá.”

“A maneira como ele fez a pergunta foi confusa”, Mike concorda. “Ele estava tentando ser engraçado.”

“Mas não é mesmo alemão para o basquete”, diz Justin.

“Foi uma brincadeira”, diz Mike.

“Foi estranho e eu não fiz isso”, diz Justin.

“Tanto faz”, eu digo, “a palavra Jewman para o basquetebol é “O jogo não jogamos bem. “

“Você é judeu?” pergunta Justin.

“Sim”, eu digo.

“Legal”, diz ele.

Ele recita a primeira linha da Sema – na manhã judaica e oração da noite – começando a sílaba perfeita: “Yisrael Adonai Adonai Eloheinu ‘Ehad Sema”. Ele faz uma pausa. “O cristianismo foi baseado fora de Jesus ser judeu”, diz ele. “Eu respeito isso.” Justin é um cristão praticante. “Eu rezo o tempo todo”, diz ele. “Eu rezo para 2-3 vezes ao dia. Quando eu acordar agradeço a minha bênção. Agradeço por me colocar nessa posição. E no final do dia eu leio a minha Bíblia. Meu professor é cristão, assim nós vemos mais versículos da Bíblia. É algo que me mantém ligado à terra. “

“Quando você encontrar ateus, você acha que seria melhor se eles fossem cristãos?” Eu peço.

“Eles estão definitivamente perdendo”, diz ele.

“Como é ser educado em casa?” Eu pergunto.

“Eu só tenho que fazer três horas por dia, o que é bom”, diz ele. “Eu estaria distraído. Eu definitivamente estaria distraído. Então, eu estou melhor com um professor particular”.

Mas, paradoxalmente, ele diz, ele é também um perfeccionista. Na verdade, seu perfeccionismo é um problema: “ Eu sou muito duro comigo mesmo, que eu sempre quero ser melhor”

“Você se cobra muito?” Eu peço.

“Um pouco demais”, diz ele. “Mas ultimamente eu tenho tentado ficar melhor com isso”

“Tenho ficado distraído; expludido de raiva, sendo um perfeccionista”.

“Você tem hiperatividade” Eu pergunto-lhe.

“Eu …” diz Justin. “Eu tenho um pouco de hiperatividade”.

“Como se manifesta?” Pergunto.

“Se eu não entender alguma coisa, e eu estou aborrecido, eu não presto atenção”, diz ele, “assim, meu professor tem que fazer algo realmente divertido para mim. Cada hora ele tem que me dar uns cinco a 10 minutos de intervalo. Mas após o intervalo, eu estarei de volta para ele. Eu vou estar bem. “

“Você realmente foi diagnosticado com hiperatividade?” Eu pergunto.

“Não”, diz ele. “É auto-diagnosticado.”

“Eu fui diagnosticado com transtorno de ansiedade generalizada“, eu digo.

“Legal”, diz ele.

“Você fica ansioso?” Eu pergunto.

“Sim, eu fico às vezes”, diz ele. “Principalmente quando as pessoas estão me puxando em 20 direções diferentes. Foi quando eu entendi. Eu sou, ‘Deixe-me respirar por um segundo.”

“Se eu fosse você eu estaria constantemente a dizer às pessoas para não me tocarem, porra”, eu digo, “porque você está sempre sendo aproveitado e estimulado.”

“É difícil”, diz Justin.

Ele nega, pelo caminho, dizendo que o gerente de Sidney não “fucking” o tocou – “Audiência espalha mentiras e boatos, é parte do trabalho, eu acho“, ele twittou na hora – mas admite que perdeu a paciência com ele. “Há tantas pessoas dizendo o que fazer”, diz ele. “Eu trabalho muito duro, e eu estou cansado, e eu tenho maus dias”. Ele faz uma pausa. “Todo mundo tem dias ruins.”

Ele me conta uma história sobre antes de ele ser famoso. Ele se aproximou do rapper Twista para pedir um autógrafo: “Ele fez como ‘Não agora’. Eu estava, tipo, ‘imbeicl’ Mas agora eu estou nessa situação, eu entendo de onde ele estava vindo. Você tem tanta coisa acontecendo. Como quando eu estou comendo. Eu não quero ser incomodado quando estou comendo. Esse é o meu tempo de inatividade. As pessoas não entendem. Pensam que é tudo diversão. E tudo é grande. Mas é trabalho duro.” Ele fica em silêncio. Em seguida, ele acrescenta, com alguma veemência: “É mais difícil do que se pensa.”

“O enorme steel-framed cesta do balão de ar quente é projetado para fazer-me sobre a multidão, mergulhando não muito baixo o suficiente para que eles me toquem, mas perto o suficiente para eu ver todos aqueles rostos bonitos.”

First Step 2 Forever: My Story

Justin escreve em sua autobiografia que o seu tema preferido de conversa, é “Girls, Girls, Girls, Girls, Girls, Girls, Girls”. Digo-lhe que estou disposto a perguntar a ele sobre as meninas, mas conscientemente, porque eu sou um homem de 43 anos e acho que isso vai parecer assustador.

“Você pode me perguntar sobre as meninas”, diz Justin, em tom tranqüilizador. “É tudo de bom. Eu gosto de meninas. Garotas são impressionantes. Sim”.

“Como é que você vai encontrar uma namorada que não vai apenas passar o tempo todo pensando, ‘É Justin Bieber, caramba?” Eu pergunto.

“É difícil sobre isso”, diz ele. “Há muitas raparigas que iriam apenas fazer alguma coisa para mim por causa da minha fama.” Ele faz uma pausa. “Alguém me disse que é ótimo estar com alguém que tem tanto a perder como você faz.”

“Então você vai ter que sair com alguém famoso?” Pergunto.

“É. Isso é provavelmente uma boa idéia. Porque eu não posso namorar alguém que está tão apaixonado por mim que ela faria qualquer coisa para mim.”

Ele dá de ombros, como se a pedir desculpas por estar pensativo na entrevista. Ele diz que eu deveria estar contente por eu não ter ele em um dia ruim.

“Mike conhece meus dias ruins“, diz ele.

“Faça como você é em um dia ruim”, eu digo.

“OK. Peça-me uma pergunta”, diz ele.

“O que você acha desse sofá?” Eu digo.

Justin dá-me um olhar de tédio tingido com ódio fulminante: “Eu gosto”, ele resmunga. “Próxima pergunta”. Ele olha para longe.

Um arrepio percorre-me. “Graças a Deus você não está tendo um dia ruim hoje”, eu digo.

“Eu vou estar fora de zoneamento”, diz ele. “Eu vou estar lá. Eu não vou estar focado em você. Bons dias eu vou ter…” Justin inclina-se sobre mi até que ele fica a um centímetro do meu rosto. Ele me dá um sorriso enorme e petrificante.

Lá fora, no hall de entrada, centenas de vencedores da competição estão preparando-se para o seu encontro com Justin. Mike explica que o conceito mudou ao longo das décadas. Nos velhos tempos, ele poderia ter tomado a forma de um coquetel. Mas agora é uma longa fila de pessoas, quatro de cada vez, em uma sala em que Justin está de pé. Dizem Olá, pegam suas fotografias, e são levados rapidamente para fora novamente.

E é interminável. Fã após fã, após fã. Justin diz oi. Elas gritam. Elas têm suas fotos tiradas com ele. Elas se foram. Cada encontro dura talvez 30 segundos, no total. Muitas levam cartas para Justin. O que acontece com elas depois disso, eu não sei. Eu tenho uma leitura rápida de alguns delas:

“Então, eu estou sentado aqui tentando escrever esta carta para você. Eu não acho que seria tão difícil assim … Eu sou apenas essa pessoa curta …”

“Me ligue: 510-502 …”

Uma menina entrega uma carta nas mãos de Justin e, em seguida, parece sobrecarregado com dúvidas e suspeitas.

“Leia”, ela late para ele. Então ela se vira para mim. “olhe como ele lê”, ela grita.

Perto dali, há um recorte de papelão em tamanho real de Justin. O verdadeiro vagueia sobre a ele. “Camarada que você está olhando?”, ele murmura. E lhe dá socos na cara.

Poucos minutos depois, no momento que uma outra menina encontra com Justin e ele está distraído momentaneamente. “Jesus!” Ela grita. “Ele não disse um oi nem nada”.